Disciplina - História

Paraná: exploração e ocupação do território

De acordo com o historiador Brasil Pinheiro Machado, a História do Paraná pode ser escrita a partir dos processos de ocupação de seu território. Em seu texto em sua obra Esboço de uma sinopse da história regional do Paraná - publicado no Boletim do Instituto Histórico, Geográfico em 1953 - Pinheiro Machado assumiu as diferenças regionais do Estado como elemento constitutivo da identidade paranaense. Cecília Westphalen e Jayme Cardoso resumiram a tese central do professor Pinheiro Machado em 1980 no Atlas Histórico do Paraná:

Assim, a História do Paraná compreende a formação de três comunidade regionais: a do Paraná tradicional, que se esboçou no século XVII, com a procura do ouro, e estruturou-se no século XVIII sobre o latifúndio campeiro dos Campos Gerais, com base na criação e no comércio do gado e, mais tarde, no século XIX, nas atividades extrativas e no comércio exportador de erva-mate e da madeira; e as do Paraná moderno, já no século XX, sendo a do Norte, com a agricultura tropical do café e que, pelas origens e interesses históricos, ficou, a princípio, mais diretamente ligada a São Paulo, e a do Sudoeste e Oeste, dos criadores de suínos e plantadores de cereais, que pelas origens e interesses históricos, ficou a princípio mais intimamente ligada ao Rio Grande do Sul. Cada uma dessas comunidades criou seu próprio tipo de economia, formou um tipo de sociedade e fundou suas próprias cidades. (CARDOSO; WESTPHALEN, 1986, p. 9).

Outros historiadores seguiram as orientações de Brasil Pinheiro Machado. Ruy Wachowicz reforçou a noção da identidade paranaense fragmentada em decorrência do processo de colonização do Estado e concebeu o conceito de Três Paranás:

Em consequência das fases históricas que condicionaram a colonização do território paranaense, podemos dividir a ocupação do estado em três áreas histórico-culturais. A primeira área corresponde ao que chamamos de Paraná Tradicional. Esse Paraná iniciou sua história no século XVII, com a descoberta do primeiro ouro encontrado pelos portugueses no Brasil. (...) A segunda área cultural do estado corresponde ao norte do Paraná.(...) A terceira área histórico-cultural originou-se após meados da década de 1950. (...) A este deslocamento populacional chamamos de frente sulista, ocupando a maior parte do sudoeste e parte do oeste paranaense. (WACHOWICZ,2002, p. 287.)

Em trabalhos posteriores ao Esboço de uma sinopse, Brasil Pinheiro Machado se uniu às historiadoras Altiva Balhana e Cecília Westphalen para sistematizar sua proposta teórico-metodológica para escrever a história do Paraná. Esse encontro resultou em obras que se constituem em referências norteadoras ao estudo regional paranaense. Dentre os estudos desenvolvidos pelos autores - Nota prévia ao estudo da ocupação da terra no Paraná Moderno (1968) e História do Paraná (1969) - observa-se o rompimento com a noção de identidade paranaense unificada. Dessa forma, mesmo com as limitações historiográficas de sua época , as obras de Brasil Pinheiro Machado, Altiva Balhana e Cecília Westphalen formaram uma geração de historiadores no Estado e fornecem subsídios para a compressão da história paranaense plural.

Informações

  • O Paraná tradicional (séculos XVII ao XIX)
  • O Paraná moderno (séculos XIX e XX)
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