Disciplina - História

O Tropeirismo

Após a diminuição considerável da atividade de mineração, em vista da escassez dos veios auríferos e da descoberta das Minas Gerais, Curitiba e região foram gradualmente se adaptando às novas atividades como a criação e o comércio de gado, e a incipiente extração da erva-mate. Porém o comércio de gado dependia muito de Minas Gerais e a crise deste mercado acabou de vez com a circulação de riquezas na região, afastando a cidade de Curitiba e arredores da rota comercial da época. (DUDEQUE, 1995, p.116-117)

A cidade de Curitiba nesse contexto não passava de um agrupamento de casas de moradores das redondezas, que as ocupavam somente nos dias de festas e deveres religiosos. Não possuía mais do que dez ruas, de traçado irregular agrupadas em torno da Praça Matriz, sem iluminação pública e localizada entre os rios Belém e Ivo. A necessidade de buscar uma nova alternativa econômica para o Estado, ou melhor para a 5 comarca da província de São Paulo foi a conquista e exploração do território dos Campos Gerais.

As principais ocupações nos Campos Gerais foram feitas pelos "homens ricos" de São Paulo, Santos e Paranaguá, e não possuíam um caŕater de colonização e povoamento. As primeiras posses foram feitas simplesmente como um negócio a ser explorado comercialmente para abastecer São Paulo e as áreas de mineração nas Minas Gerais. As sesmeiras dos Campos Gerais paranaenses, procuravam se localizar às margens do caminho de Curitiba-Sorocaba-São Paulo.

Sendo que Curitiba ficava à margem. A cidade só começou a ter lucros com a conquista do centro e norte dos Campos Gerais, devido a abertura da estrada de Viamão-Sorocaba. Essa abertura propiciou a conquita dos campos ao Sul de Curitiba tendo como centro a Lapa. O tropeirismo "consistia em comprar as muladas no Rio Grande, no Uruguai, na Argentina, conduzi-las em tropas, uma caminhada de três meses pela estrada do Viamão, inverná-las por alguns meses nos campos do Paraná, e vendê-las na grande feira anual de Sorocaba, onde vinham comprá-las paulistas, mineiros, e fluminenses”. (BALHANA; MACHADO; WESTPHALEN, 1969, p. 65)

Depois da segunda metade do século XVIII é que a região começou realmente a ser povoada, e isso aconteceu no rastro do tropeiro. Em 1772, na extensão toda dos Campos Gerais, desde de Itararé, no norte, até a Lapa, no Sul, podíamos somar cerca de 50 fazendas e em torno de 125 sítios que povoavam a região. A estrada das tropas servia como eixo, e ao longo dela destacavam-se como povoações as cidade de Ponta Grossa, Palmeira, Castro, Imbituba e a Lapa.

Sob a base da grande propriedade de terras de campo natural, da criação de gado, do tropeirismo e da invernagem, e do trabalho escravo de índios e negros, caracterizou-se no século XIX, a classe dominante regional, configurada em famílias fazendeiras, vivendo em terras e detendo o poder político local e regional por meio de oligarquias parentais. É nesse período que florescem as cidades dos planaltos paranaenses: Castro, Ponta Grossa, Palmeira, Lapa, Guarapuava, Palmas, todas elas nos roteiros das tropas, fazendas e das invernadas. (BALHANA; MACHADO; WESTPHALEN, 1969, p. 65)

O ouro das Minas Gerais foi nos últimos anos do século XVII o ponto alto da colônia. O Brasil era o maior produtor do metal. E isso atingiu o Paraná, agora de forma diferente da exploração do ouro de Paranguá e região. As minas preciosas precisavam em grande escala de bois e cavalos (muares em especial) para transportar o ouro até o Porto do Rio de Janeiro e de lá receber as cargas que importava. E o gado estava nos Pampas. O Caminho de Viamão, atravessava os planaltos dos atuais três estados do sul, e ligava o Rio Grande à São Paulo. Por mais de 100 anos desfilaram por esse caminho tropas e tropeiros. Ele cortava os campos , inclusive Curitiba, que passaram a ter utilidade como postos de recuperação do gado, que chegava extenuado após uma longa jornada. Assim a pecuária passa a dominar a economia regional.

As fronteiras dos Campos Gerais foram ampliadas, as atividades econômicas paralelas, em função do ciclo se desenvolveram, e com a decadência da exploração do ouro, no final do século XVIII o tropeirismo entrou em recessão. Mas ainda não era o fim, pois com a expansão da economia cafeeira (após a independência do Brasil) o tropeirismo ganhou novo fôlego e novos mercados, chegando ao seu apogeu em meados do século XIX. O tropeirismo paranaense não busca agora gado somente no Rio Grande do Sul, ele também os busca na província argentina de Corrientes. O ciclo dos tropeiros chega ao fim definitivo nos fins do século XIX, com a construção das rodovias em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

A economia fica estagnada e a subsistência passa a ser a atvidade principal. A pecuária surge também como uma nova economia, e podemos dizer que ela assim como o tropeirismo teve um papel importante no povoamento do Paraná, pois devido a eles surgiram vários arraiais e vilas. E na travessia do Rio negro, nasceu um povoado chamado de Capela da Mata, que originou as cidades de Rio Negro e Mafra. Ali em 1829 teve início o primeiro núcleo de agricultores europeus (alemães) no terriórtio paranaense.

Ao fim do século XVIII quase quase toda a area dos Campos Gerais estava povoada. Nessa época planalto adquiri a supremacia econômica e social sobre o litoral.E em 1812 a sede da comarca foi transferida de Paranaguá para Curitiba.

Embora Curitiba ainda fosse inferior comercialmente a Paranaguá, em 1812, já existiam indícios que as condições geográficas da cidade iriam lhe conferir vantagens políticas, sociais e administrativas.
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