Disciplina - História

História

22/04/2010

A incrível história de uma cidade que surgiu do nada

Em pouco mais de três anos, a capital do Brasil havia mudado do efervescente Rio de Janeiro, para a até então inexistente Brasília. A ideia era polêmica. Provocava um misto de espanto, descrença, decepção, contrariedade e esperança para os brasileiros da década de 50. Mas o então presidente Juscelino Kubitschek fez o que parecia inconcebível na época. E os sentimentos aos olhos do povo, ao final de todo o processo, eram uma junção de orgulho e surpresa.A ideia em si não era nova. Afinal, mudar a capital para o interior era um tema recorrente e em pauta desde 1820. Quando, em um discurso, Juscelino falou sobre o assunto, poucos acreditaram que o projeto realmente se concretizaria.
Concorreram 26 projetos, dos quais 16 foram eliminados na seleção prévia. Os concorrentes derrotados não se conformaram e criaram uma polêmica que repercutiu na imprensa da época.Os políticos votaram a favor da mudança não porque acreditassem na importância ou viabilidade dela, mas justamente por estarem certos de que o presidente jamais cumpriria com a palavra e que essa seria, portanto, a ruína de seu governo. Os jornais da época, por sua vez, mostravam-se contrários a mudança, refletindo a visão da maioria elitista.
Os cerca de 600 funcionários da Câmara que viviam no Rio estremeciam só de pensar em abandonar a vida carioca e partir rumo ao desconhecido. Mesmo após o início das primeiras obras, ainda havia quem duvidasse e jurasse que as fotos eram montagens e que Brasília não passava de uma ilusão criada por um presidente utopista. Porém a história se mostrou outra. A construção de Brasília incorporou definitivamente ao Brasil uma região que já era parte dele, mas que praticamente ninguém conhecia. O Centro-Oeste e o Norte, que antes tinham cerca de meio habitante por metro quadrado, viram a chegada da rodovia Belém-Brasília mudar completamente esse cenário. No ano de sua inauguração, a antes deserta Brasília, já possuía 60 mil habitantes, número que cresceu amplamente nas décadas seguintes superando em mais que o dobro a estimativa de que abrigaria no máximo 500 mil.
Cronologia: Uma nova capital em 3 anos e 7 meses
1956. 19 de setembro. Cinco meses depois de apresentada, é aprovada por unanimidade a lei para transferência da capital.2 de outubro. Juscelino Kubitschek visita o local pela primeira vez. 10 de novembro. Depois de 20 dias de construção, é inaugurado o Catetinho, residência oficial durante o período das obras. 31 de dezembro.Concluída a Ermida Dom Bosco, primeira obra de alvenaria.
1957. 18 de fevereiro JK assina a escritura pública que determina a transferência do terreno do Distrito Federal. 11 de março Prazo de entrega dos projetos para o concurso. Somente 26 dos 63 inscritos entregaram. O projeto ganhador foi entregue 10 minutos antes do encerramento. 15 de março Foi divulgado o ganhador: Lucio Costa. 2 de abril Inaugurada a pista do aeroporto. 3 de abril Começam as obras do Palácio da Alvorada. 3 de maio Na presença de 15 mil pessoas, Dom Carlos Carmelo reza a primeira missa de Brasília. 1º de outubro. Sancionada a lei que estabelece a data da mudança: 21 de abril de 1960.
1958. 4 de janeiro.Início das obras do Congresso Nacional.18 de julho.Começam as obras da Esplanada dos Ministérios. 30 de junho.Inaugurações: Palácio da Alvorada, Eixo Monumental, Avenida das Nações e Brasília Palace Hotel.10 de julho.Começo das obras do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal.5 de outubro.Primeiro asfaltamento.
1959. Junho. Entregues os primeiros blocos de apartamentos.Dezembro. Fim das obras do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.
1960. 21 de abril. Os Três poderes da República são instalados em Brasília, às 9h30.
1970. 31 de maio. Inauguração da Catedral, depois de mais de dez anos de construção.
Fonte: Gazeta do Povo
Publicado em 22/04/2010. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor do texto
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