Disciplina - História

O cinema como recurso nas aulas de História

Conforme as Diretrizes Curriculares Orientadoras para a Educação Básica do Estado do Paraná a História tem como objeto de estudo “os processos históricos relativos às ações e às relações humanas praticadas no tempo, bem como a respectiva significação atribuída pelos sujeitos, tendo ou não consciência dessas ações” (PARANÁ, 2008, p. 46). De acordo com este documento, o ensino de História deve não apenas construir um pensamento histórico, mas também desenvolver nos estudantes uma “consciência histórica” (RÜSEN, 2001, p. 58). Para atingir esses objetivos, o uso de fontes é fundamental, assim como “é indispensável ir além dos documentos escritos, trabalhando com os iconográficos, os registros orais, os testemunhos de história local, além de documentos contemporâneos, como: fotografia, cinema, quadrinhos, literatura e informática” (PARANÁ, 2008, p. 53).

O cinema constitui-se em documento, fonte para historiadores produzirem o conhecimento histórico, e recurso pedagógico para a formação da consciência histórica dos estudantes. "É necessário aqui prestar homenagem a Marc Ferro que desempenha o papel de precursor do uso do cinema como fonte histórica (LAGNY, 2012, p. 25). Mas o relacionamento de historiadores com o cinema reserva polêmica. Conforme Peter Miskell, as versões sobre o passado apresentadas em filmes históricos despertam certa desconfiança de historiadores, não apenas pelos supostos “erros” conceituais ou pelos anacronismos, mas porque destacam a ideia de que qualquer um pode narrar sua versão sobre o passado, incluindo os cineastas (MISKELL, 2011, p. 287). Em sala de aula, o cinema ocupa lugar de destaque nas aulas de História. “Desde as primeiras décadas do século XX, educadores preconizam a utilização do cinema como importante recurso didático no ensino de História” (ABUD, 2003, p. 1).

Para as pesquisadoras Olga Magalhães e Henriqueta Alface, o cinema pode ser incluído no planejamento do professor de História considerando que o “filme deve ser adequado à faixa etária, ao nível de ensino, estar diretamente relacionado com os conteúdos e respeitar os valores socioculturais do meio onde a escola está inserida” (ALFACE; MAGALHÃES, 2011, p. 255). O uso do filme não pode ser visto como apenas "passar o filme", é necessário conduzir os alunos a uma percepção crítica, ou seja, tornar o filme significativo ao aluno (THIEL; THIEL, 2009, p. 8). Marcos Napolitano enfatiza a necessidade de planejar o uso do cinema como recurso em sala de aula e cabe ao educador “(...) propor leituras mais ambiciosas além do puro lazer, fazendo a ponte entre emoção e razão de forma direcionada, incentivando o aluno a se tornar um espectador mais exigente e crítico, propondo relações de conteúdo, linguagem do filme com os conteúdos escolares” (NAPOLITANO, 2009, p. 15). A análise do filme deve considerar o conteúdo em si e as informações técnicas do filme. “Assim, é importante abordar tanto a linguagem cinematográfica que é própria do filme/audiovisual quanto valer-se dos temas tratados, pois ambos levam à reflexão.” (ARAÚJO; ANGREWSKI; GALVAN, 2012, p. 253).

O cinema em sala de aula exige uma metodologia específica e cabe ao professor escolher como apresentar aos estudantes o filme: se completo ou selecionar alguns fragmentos que atendam às expectativas de aprendizagem contempladas em seu planejamento. A bibliografia especializada sugere algumas etapas para o bom uso do filme na escola. São elas, apresentação da sinopse (ficha técnica, curiosidades, prêmios, elementos da linguagem cinematográfica), exibição do filme/trecho e debate sobre temas apresentados em determinados trechos do filme.

A utilização do cinema nas aulas de História pode prever o uso exclusivo de fragmentos. O professor Sandro Gonçalves em seu trabalho de PDE aplicou e avaliou o uso do trecho da obra cinematográfica e concluiu: seu uso possibilitou “contextualizar e explicar um determinado tema pertinente à disciplina de História” (GONÇALVES, 2010, p. 10). Conforme Pablo Blasco, o uso do fragmento mostra-se eficiente porque se insere na chamada “cultura do espetáculo” marcada pela “informação rápida, o impacto, o intuitivo, em detrimento do raciocínio linear, lógico e especulativo” (BLASCO, 2006, p. 28). Assim, a metodologia do clipe facilita a reflexão sobre determinados conteúdos e conceitos apresentados em contextos educacionais (BLASCO, 2006, p. 66).

Diante do exposto, o uso do cinema nas aulas de História mostra-se como um tema de relevância para ser proposto e trabalhado pela Diretoria de Tecnologia Educacional, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR), por meio da equipe técnica do Portal Dia a Dia Educação, em parceria com o Departamento de Educação Básica.


Objetivos
  • Fomentar o debate sobre o uso do cinema como recurso para ensinar e aprender conceitos e conteúdos nas aulas de História.
  • Possibilitar aos professores de História da Rede Estadual de Ensino do Paraná momentos de reflexão, troca de ideias e de experiências sobre o tema.
  • Diagnosticar como os professores de História usam o cinema em suas aulas.
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